Atendendo a pedidos segue um link sobre o problema nuclear Japonês.
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O acidente na usina nuclear Fukushima Daiichi, no Japão, despertou pânico na população japonesa e confusão no mundo, não apenas pela ameaça de contaminação radioativa, mas também pelas informações contraditórias divulgadas pela imprensa. Para sanar dúvidas, o biólogo Jean Remy Davée Guimarães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, retorna ao Estúdio CH.
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Clique aqui e informe-se sobre o assunto.
quarta-feira, 23 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Um VIVA às mulheres!

Quem não gosta de mulher?
Quem acha que toda mulher é burra e fútil?
Para os misóginos de plantão eu lhes ofereço Marie Curie!
Há 100 anos, em 1911, a genial Cientista (Física) Polonesa ganhava o Prêmio Nobel de Química (sim, ela era Física mas ganhou o Nobel de Química pois é tudo Ciência no final das contas) por seus trabalhos com Radioatividade. Tais trabalhos levaram-na à descoberta de novos elementos químicos, o Polônio (era ela Polonesa, lembram-se) e o Rádio.
Mas isso não é tudo. Este prêmio Nobel não foi o primeiro de Madame Curie. Foi o segundo, pois em 1903 ela havia sido laureada juntamente com o maridão, Pierre Curie, e com o Físico francês Henri Becquerel pelos estudos sobre radioatividade espontânea.
Madame Curie foi pioneira em muitas outras frentes. É até hoje a única pessoa a receber duas vezes o Nobel em áreas diferentes da ciência. Foi a primeira mulher doutora em ciências físicas, a primeira professora universitária da França e coordenadora de um laboratório no país e a primeira a ganhar uma cátedra na Universidade de Sorbonne. “Suas descobertas inquestionáveis transformaram duas áreas, a física e a química”, observa o físico Vanderlei Salvador Bagnato, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), de São Carlos.
É pouco ou que querem mais?
Para aqueles que só se lembram de homenagear as mulheres no desprezível "dia internacional da mulher" deixo aqui a minha homenagem à uma mulher fantástica - Marie Curie - como demonstração do meu respeito pelo dito "sexo frágil" que, pelo exposto acima, nos mostra que de frágil não tem nada.
Leiam mais sobre Madame Curie aqui.
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Marie Curie,
Química,
Radioatividade
quarta-feira, 16 de março de 2011
Leitura é indispensável!
Professor defende que a leitura é essencial para se formar um bom aluno em química.
Eu defendo ainda mais: LEITURA É ESSENCIAL PARA A FORMAÇÃO DE QUALQUER CIDADÃO.
Leia matéria na Ciência Hoje clicando aqui.
Eu defendo ainda mais: LEITURA É ESSENCIAL PARA A FORMAÇÃO DE QUALQUER CIDADÃO.
Leia matéria na Ciência Hoje clicando aqui.
Comentário sobre o Carnaval.
Tá bom. Sei que o assunto não é Ciência, que é o tema principal deste blog.
Mas é difícil não aplaudir este Editorial da Jornalista (com Diploma!) Rachel Sheherazade.
Veja o vídeo e discorde se for capaz!
Clique aqui.
Mas é difícil não aplaudir este Editorial da Jornalista (com Diploma!) Rachel Sheherazade.
Veja o vídeo e discorde se for capaz!
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Quando o professor aprende
É o título desta reportagem/entrevista da Ciência Hoje com a pesquisadora Zahava Scherz do Instituto Weizmann, de Israel.
Mais uma vez o Professor é colocado na berlinda e a ele é transferida a culpa pelo fracasso educacional observado mundo afora atualmente, principalmente no ensino de Ciência.
Não que o Professor não precise se reciclar, aprender conceitos novos, se atualizar. Isso é obrigação de cada Profissional da Educação! O que me irrita profundamente é o fato de a classe de Professores que chamo de "Verdadeiros" serem confundidos com aventureiros que entram na vida acadêmica para "ganhar um troco". Este é o problema real. Muitos ditos "professores" de hoje simplesmente não são professores! Por isso é que a Educação virou esse lixo que nos acostumamos a ver e o pior, a aceitar.
Nada do que esta senhora diz é novo para Profissionais da Educação sérios e comprometidos com a sua Profissão.
Quem quiser ler "mais do mesmo" visite a página da Ciência Hoje clicando aqui.
Mais uma vez o Professor é colocado na berlinda e a ele é transferida a culpa pelo fracasso educacional observado mundo afora atualmente, principalmente no ensino de Ciência.
Não que o Professor não precise se reciclar, aprender conceitos novos, se atualizar. Isso é obrigação de cada Profissional da Educação! O que me irrita profundamente é o fato de a classe de Professores que chamo de "Verdadeiros" serem confundidos com aventureiros que entram na vida acadêmica para "ganhar um troco". Este é o problema real. Muitos ditos "professores" de hoje simplesmente não são professores! Por isso é que a Educação virou esse lixo que nos acostumamos a ver e o pior, a aceitar.
Nada do que esta senhora diz é novo para Profissionais da Educação sérios e comprometidos com a sua Profissão.
Quem quiser ler "mais do mesmo" visite a página da Ciência Hoje clicando aqui.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Os "Videntes" e suas "previsões"
Aqui vai um exemplo da estupidez humana.
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Não tem jeito. Vai começar a temporada de previsões de todos os tipos para 2011.
E não tem como fugir: na TV, no rádio, no jornal e na internet, tem sempre alguém pronto pra lhe dizer o que será o amanhã.
No começo de 2010, o Globoesporte.com publicou as previsões esportivas dadas por uma cartomante e um ‘mago’ espírita.
Instigado pela curiosidade, fui lá nos arquivos conferir. E surpresa:
Eles não foram nada bem.
O primeiro desastre nas previsões veio na Copa do Mundo: o ‘mago’ Ubirajara Pinheiro e a cartomante Cinara Mattos cravaram que o Brasil seria finalista (foi eliminado nas quartas-de-final).
Ubirajra previu 90% de chance de título verde-amarelo, apontando Itália ou Alemanha como a outra finalista. Já Cinara garantiu que Brasil e França fariam a decisão, prevendo grande campanha da seleção francesa, que na verdade fez um fiasco histórico, saindo na primeira fase. Sobre a campeã Espanha, o ‘mago’ afirmou que nem chegaria entre as quatro. Cinara não falou em título, mas pelo menos previu que poderia “chegar longe”.
Nas previsões para o futebol carioca, outro desastre. O título brasileiro do Fluminense não apareceu nas cartas ou nos búzios, sendo que estes ainda disseram ao ‘mago’ Ubirajara que o Flu nada conquistaria em 2010. Apesar do ano catastrófico do Flamengo, ele tinha previsto que o rubro-negro conquistaria o estadual, outra vez o Brasileiro e com muita ênfase, garantiu a conquista da Libertadores. Para completar, falou em ano “muito carente” e negativo para o Botafogo, que acabou campeão carioca e bem no Brasileirão. A cartomante Cinara também errou ao apostar que o Fla conquistaria o estadual, além de prever que o time se sairia muito bem na Libertadores e no Brasileiro.
Em São Paulo, o ‘mago’ e a cartomante também não foram bem. Ubirajara viu nos búzios a certeza do título paulista para o Corinthians, além do Palmeiras conquistando a Copa do Brasil. Competição onde, segundo as cartas de Cinara, nenhum time de São Paulo teria chances. Pra completar, ambos apontaram que o Santos passaria 2010 em jejum. O Peixe acabou sendo o time-sensação do ano, faturando o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil.
Mais erros nos palpites para os times gaúchos: a cartomante, pelo menos, previu o título estadual e a vaga na Libertadores para o Grêmio. Mas tanto ela quanto o ‘mago’, apostaram em ano ruim para o Inter, sem conquistas, o que acabou desmentido pela conquista da Libertadores.
Na Fórmula-1, mais um show de derrapadas: as cartas de Cinara afirmaram que um brasileiro seria campeão da temporada, mas todos passaram longe disso. Os búzios de Ubirajara disseram que o Brasil não tinha chances, mas que “seria difícil tirar a conquista de Michael Schumacher”. O alemão também nem chegou perto.
Por fim, os ‘videntes’ também não tiveram desempenho dos melhores nas quadras e piscinas: Cinara e Ubirajara apostaram alto na participação do basquete masculino no Campeonato Mundial. Ele apostou em medalha, enquanto ela disse que o segundo lugar era “praticamente nosso”. Os brasileiros ficaram em nono.
No feminino, não previram o mico que foi a eliminação antes da fase mata-mata e o nono lugar geral, mas pelo menos também não falaram em boa colocação.
No vòlei das mulheres, outro erro: os dois ‘videntes’ previram título mundial garantido, mas elas acabaram com o vice.
No masculino, finalmente ambos acertaram, ao prever mais um título mundial da seleção de Bernardinho.
E em meio à declarações otimistas sobre César Cielo, faltou profetizar a participação decepcionante no Pan-Pacífico, nos EUA. As boas previsões para ele só se confirmaram no fim do ano, quando o campeão olímpico ganhou nos 50 e 100m no mundial de piscina curta, em Dubai.
E em 2011, como será o amanhã?!
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Texto do Blog do Ilan, veja aqui.
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Não tem jeito. Vai começar a temporada de previsões de todos os tipos para 2011.
E não tem como fugir: na TV, no rádio, no jornal e na internet, tem sempre alguém pronto pra lhe dizer o que será o amanhã.
No começo de 2010, o Globoesporte.com publicou as previsões esportivas dadas por uma cartomante e um ‘mago’ espírita.
Instigado pela curiosidade, fui lá nos arquivos conferir. E surpresa:
Eles não foram nada bem.
O primeiro desastre nas previsões veio na Copa do Mundo: o ‘mago’ Ubirajara Pinheiro e a cartomante Cinara Mattos cravaram que o Brasil seria finalista (foi eliminado nas quartas-de-final).
Ubirajra previu 90% de chance de título verde-amarelo, apontando Itália ou Alemanha como a outra finalista. Já Cinara garantiu que Brasil e França fariam a decisão, prevendo grande campanha da seleção francesa, que na verdade fez um fiasco histórico, saindo na primeira fase. Sobre a campeã Espanha, o ‘mago’ afirmou que nem chegaria entre as quatro. Cinara não falou em título, mas pelo menos previu que poderia “chegar longe”.
Nas previsões para o futebol carioca, outro desastre. O título brasileiro do Fluminense não apareceu nas cartas ou nos búzios, sendo que estes ainda disseram ao ‘mago’ Ubirajara que o Flu nada conquistaria em 2010. Apesar do ano catastrófico do Flamengo, ele tinha previsto que o rubro-negro conquistaria o estadual, outra vez o Brasileiro e com muita ênfase, garantiu a conquista da Libertadores. Para completar, falou em ano “muito carente” e negativo para o Botafogo, que acabou campeão carioca e bem no Brasileirão. A cartomante Cinara também errou ao apostar que o Fla conquistaria o estadual, além de prever que o time se sairia muito bem na Libertadores e no Brasileiro.
Em São Paulo, o ‘mago’ e a cartomante também não foram bem. Ubirajara viu nos búzios a certeza do título paulista para o Corinthians, além do Palmeiras conquistando a Copa do Brasil. Competição onde, segundo as cartas de Cinara, nenhum time de São Paulo teria chances. Pra completar, ambos apontaram que o Santos passaria 2010 em jejum. O Peixe acabou sendo o time-sensação do ano, faturando o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil.
Mais erros nos palpites para os times gaúchos: a cartomante, pelo menos, previu o título estadual e a vaga na Libertadores para o Grêmio. Mas tanto ela quanto o ‘mago’, apostaram em ano ruim para o Inter, sem conquistas, o que acabou desmentido pela conquista da Libertadores.
Na Fórmula-1, mais um show de derrapadas: as cartas de Cinara afirmaram que um brasileiro seria campeão da temporada, mas todos passaram longe disso. Os búzios de Ubirajara disseram que o Brasil não tinha chances, mas que “seria difícil tirar a conquista de Michael Schumacher”. O alemão também nem chegou perto.
Por fim, os ‘videntes’ também não tiveram desempenho dos melhores nas quadras e piscinas: Cinara e Ubirajara apostaram alto na participação do basquete masculino no Campeonato Mundial. Ele apostou em medalha, enquanto ela disse que o segundo lugar era “praticamente nosso”. Os brasileiros ficaram em nono.
No feminino, não previram o mico que foi a eliminação antes da fase mata-mata e o nono lugar geral, mas pelo menos também não falaram em boa colocação.
No vòlei das mulheres, outro erro: os dois ‘videntes’ previram título mundial garantido, mas elas acabaram com o vice.
No masculino, finalmente ambos acertaram, ao prever mais um título mundial da seleção de Bernardinho.
E em meio à declarações otimistas sobre César Cielo, faltou profetizar a participação decepcionante no Pan-Pacífico, nos EUA. As boas previsões para ele só se confirmaram no fim do ano, quando o campeão olímpico ganhou nos 50 e 100m no mundial de piscina curta, em Dubai.
E em 2011, como será o amanhã?!
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Texto do Blog do Ilan, veja aqui.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
O Efeito Placebo

Quando um medicamento é receitado ou administrado a um paciente, ele pode ter vários efeitos. Alguns deles dependem diretamente do medicamento, ou seja, de sua ação farmacológica. Existe, porém, um outro efeito, que não está vinculado à farmacologia do medicamento, e que também pode aparecer quando se administra uma substância farmacologicamente inativa. É o que denominamos "efeito placebo". É um dos fenômenos mais comuns observados na medicina, mas também um dos mais misteriosos.
O efeito placebo é poderoso. Em um estudo realizado na Universidade de Harvard, testou-se sua eficácia em uma ampla gama de distúrbios, incluindo dor, hipertensão arterial e asma. O resultado foi impressionante: cerca de 30 a 40% dos pacientes obtiveram alívio pelo uso de placebo!
Além disso, ele não se limita a medicamentos, mas pode aparecer em qualquer procedimento médico. Em uma pesquisa sobre o valor da cirurgia de ligação de uma artéria no tórax na angina de peito (dor provocada por isquemia cardíaca crônica), o placebo consistia apenas em anestesiar o paciente e cortar a pele. Pois bem: os pacientes operados ficticiamente tiveram 80% de melhora. Os que foram operados de verdade tiveram apenas 40%. Em outras palavras: o placebo funcionou melhor que a cirurgia.
O que é o efeito placebo? Como ele pode ser explicado?
Neste artigo vamos examinar as bases neurobiológicas do efeito placebo, de acordo com as hipóteses mais recentes. Estudando e compreendendo melhor o efeito placebo e seu lugar na medicina tem grande importância para o próprio ato terapêutico, além de ter grandes repercussões éticas na prática e na pesquisa médica. Vamos concentrar nossas explicações sobre um tipo específico de placebo, que é o agente farmacológico (medicamento). Mas os princípios discutidos podem ser generalizados para qualquer tipo de placebo.
O que é o efeito placebo?
A palavra placebo deriva do latim, do verbo "placere", que significa "agradar". Uma boa definição é a seguinte:
"Placebo é qualquer tratamento que não tem ação específica nos sintomas ou doenças do paciente, mas que, de qualquer forma, pode causar um efeito no paciente." Note bem a diferença: placebo é o tratamento inócuo. Efeito placebo é quando se obtém um resultado a partir da administração de um placebo. O conhecimento sobre o efeito placebo ampliou-se muito com a necessidade da medicina realizar ensaios clínicos controlados, que são uma metodologia científica muito utilizada para determinar a eficácia terapêutica de novos fármacos.
Nestes ensaios administra-se obrigatoriamente um placebo a um grupo controle de pacientes, e depois se compara os resultados com os obtidos no grupo que recebe a medicação ativa, cuja ação se pretende demonstrar. Quanto maior a diferença nos resultados entre o segundo e o primeiro grupos, maior a eficácia farmacológica da substância em estudo.
Os médicos logo notaram nestes estudos que os placebos tinham muito mais efeitos sobre a doença estudada do que podia se esperar. Em alguns casos, os efeitos colaterais (indesejados) dos placebos chegavam a ultrapassar os do medicamento ativo... Em conseqüência, houve um aumento grande nas pesquisas científicas com a finalidade de esclarecer melhor o que é esse efeito, porque ocorre, qual a sua base fisiológica, etc.
Como o efeito placebo pode ser real, ou seja, provocar mudanças benéficas no paciente, ele pode ser útil na prática clínica. Isso é inclusive permitido pelo código de ética médica.
Tipos de Placebos
Os placebos são classificados em dois tipos: inertes e ativos.
Placebos inertes - são aqueles realmente desprovidos de qualquer ação farmacológica, cirúrgica, etc.
Placebos ativos - são os que têm ação própria, embora, às vezes, não específica para a doença para a qual estão sendo administrados.
Diz-se que os placebos têm efeito positivo quando o paciente relata alguma melhora e efeito negativoquando eles relatam que houve piora ou surgimento de algum efeito colateral desagradável (neste caso o placebo é chamado de nocebo, palavra que deriva do latim nocere, ou provocar dano).
Uma conclusão interessante é a seguinte: toda medicação administrada, além do seu efeito real farmacológico, tem também um efeito placebo, e eles dificilmente podem ser separados um do outro.
O que causa o efeito placebo?
Surge então a pergunta: se o efeito placebo não deriva de uma ação provocada no organismo do paciente, de onde vem ele? A ciência médica ainda não explicou completamente qual a causa (ou causas) do efeito placebo. Mas, ao que parece, ele resultaria da espera do efeito por parte do paciente.
Como se explica isso? Existem diversas teorias, decorrentes de diversas escolas da psicologia. A que adotaremos aqui, e que parece ser uma das mais prováveis, é a do reflexo condicionado. Você deve se lembrar dele: foi descoberto por um fisiologista russo chamado Ivan Pavlov no final do século passado, que ganhou o primeiro prêmio Nobel de Medicina, em 1902. Ele é conhecido popularmente pelo famoso experimento do cão que salivava ao ouvir um sino (veja aqui uma recapitulação de como eram feitos esses experimentos e o que se aprendeu com eles).
A idéia geral é que o efeito placebo surge como um reflexo condicionado involuntário por parte do organismo do paciente. A seguir veremos como isso acontece.
Reflexos Condicionados
Segundo a teoria de Pavlov, podemos compreender o funcionamento do sistema nervoso como dependente de reflexos, ou seja, respostas a estímulos provenientes do meio externo ou do interno. Um estimulo sensorial, venha de dentro ou de fora do organismo, atinge um receptor e provoca modificação das condições orgânicas e, em conseqüência, uma resposta que pode ser motora, secretora ou vegetativa.
Existem dois tipos de reflexos: condicionados e incondicionados.
Os reflexos incondicionados são aqueles com os quais os animais nascem, adquiridos ao longo da evolução de sua espécie, ou filogênese. Por exemplo, se colocarmos comida na boca de um cão, ele começa a salivar. Isso está determinado dentro do seu próprio sistema nervoso.
Os reflexos condicionados são aqueles que os animais adquirem durante suas vidas, ou ontogênese. Eles são um dos tipos de aprendizado de que o sistema nervoso é capaz. À medida que determinados estímulos ambientais vão agindo sobre eles, formam respostas condicionadas a esses estímulos. Logicamente, para que essas respostas condicionadas surjam, elas têm que se basear em respostas incondicionadas. No experimento clássico de Pavlov, tocar o sino não causava nenhuma salivação no cão, mas depois dele apresentar o sino repetidamente em conjunto com o estímulo incondicionado (a comida), o cão começou a salivar em resposta ao sino, apenas.
Pavlov definiu o reflexo condicionado como:
"uma conexão nervosa temporária entre um dos inumeráveis fatores do ambiente e uma atividade bem determinada do organismo."
Ou seja, o reflexo é uma conexão temporária entre um estímulo qualquer do meio ambiente e um reflexo incondicionado do organismo, que passará, assim, a ser condicionado, despertado por aquele estímulo ambiental, até então previamente indiferente.
Modificando a Reação à Medicamentos Pelo Condicionamento
Este é um tópico importante para podermos entender o efeito placebo. Vamos entendê-lo através de um experimento simples:

Após fazer soar um estímulo sonoro, aplica-se, em um cão, uma injeção de acetilcolina. Em resposta à acetilcolina o cão tem hipotensão (queda da pressão arterial). Se, depois de diversas combinações do som com a injeção, substituirmos a acetilcolina por adrenalina, o cão continuará a ter hipotensão. Deveria ter hipertensão (aumento da pressão arterial), portanto o condicionamento mudou completamente a resposta ao segundo agente. A ação farmacológica da adrenalina foi anulada. Seria de se esperar que o cão, ao recebê-la, tivesse aumento da pressão arterial; mas como está recebendo aquela injeção temporalmente associada ao estímulo sonoro, que para ele é sinal de hipotensão, sua pressão continua a baixar. O organismo do cão ignora o efeito farmacológico da adrenalina e obedece ao sinal de hipotensão, registrado no sistema nervoso central.
Fato muito importante é que diversos estímulos ambientais podem conjugar-se entre si, formando uma verdadeira cadeia, e qualquer desses estímulos pode agir como sinal e por em marcha o reflexo condicionado. Outros estímulos do ambiente podem apresentar o mesmo efeito, como, por exemplo, a entrada na sala onde a experiência se realiza, a visão do experimentador, a audição de sua voz (mesmo fora da sala), etc
Reflexos e Linguagem em Seres Humanos
E no ser humano, o que aconteceria? A mesma coisa. Existem diversas experiências mostrando que o homem tem suas funções tão condicionáveis quanto as dos animais. Por exemplo: doentes com dor intensa, provocada por uma doença chamada aracnoidite, que recebiam injeções endovenosas de novocaína (um anestésico), tinham alívio da dor e dormiam. Nesses mesmos doentes, depois de algum tempo, com a troca da injeção de novocaína por soro fisiológico (uma solução fraquinha de sal), continuavam a ocorrer alívio da dor e sono.
No homem existe ainda algo importante a ser considerado. Segundo Pavlov, nos animais existe apenas o que ele chamava de primeiro sistema de sinais da realidade. Trata-se dos sistemas do cérebro que recebem e analisam os estímulos que vêm de fora e de dentro do organismo (por exemplo, sons, luzes, nível de CO2 no sangue, movimentos intestinais, etc.).
No ser humano, além desse primeiro sistema de sinais, existe um segundo sistema, o da linguagem, que aumenta as possibilidades de condicionamento. Para o ser humano, a palavra pode ser um estímulo tão real, tão eficaz, tão capaz de nos mobilizar como qualquer estímulo concreto, e, às vezes, até mais. Além disso, o fato da palavra ser simbólica, ser uma abstração, permite que o estímulo condicionado seja generalizável.
Um exemplo?
Se condicionarmos um homem dando-lhe choques na mão após ouvir a palavra campainha, haverá reação de defesa com retirada da mão. Depois de algum tempo, ao ouvir a palavra campainha, em seu idioma natal ou em algum outro que ele entenda, assim como ao ver uma campainha, real ou em foto o homem terá a mesma reação de retirada da mão. Por quê? Porque o homem não foi condicionado a um conjunto de sons, como foi o caso do cão, e sim a uma abstração, a idéia da campainha.
Outro exemplo de experiência de condicionamento em seres humanos: dá-se choque na mão de um sujeito após ele ouvir a palavra caminho, provocando retirada da sua mão. Depois de algum tempo, ouvindo a palavra caminho, esta pessoa retira a mão, fazendo o mesmo, também, ao ouvir sinônimos: estrada, via, rota, etc.
O Efeito Placebo como Condicionamento
Chegamos, então, a uma explicação fisiológica bastante convincente sobre o efeito placebo: trata-se de um efeito orgânico causado no paciente pelo condicionamento pavloviano ao nível de estímulos abstratos e simbólicos.
Segundo essa explicação, o que conta é a realidade presente no cérebro, não a realidade farmacológica. A expectativa do sistema nervoso em relação aos efeitos de uma droga pode anular, reverter ou ampliar as reações farmacológicas desta droga. Pode também fazer com que substâncias inertes provoquem efeitos que delas não dependem.
Poderíamos então definir efeito placebo como o resultado terapeuticamente positivo (ou negativo) de expectativas implantadas no sistema nervoso dos pacientes por condicionamento decorrente do uso anterior de medicação, contatos com médicos e informações obtidas por leituras e comentários de outras pessoas.
Conclusões
Existem duas maneiras de encarar o efeito placebo:
1) Para quem faz pesquisa clinica, estuda um medicamento novo e quer determinar seu real valor, o efeito placebo é um estorvo: constitui um conjunto de efeitos não medicamentosos a serem eliminados, na medida do possível, com auxílio de técnicas de pesquisa;
2) Na prática médica, o efeito placebo pode ser útil, pois esses efeitos não medicamentosos podem ser benéficos ao paciente. A ação curativa de agentes terapêuticos específicos, farmacologicamente ativos, pode ser reforçada, por efeito placebo conseqüente às expectativas de cura, despertadas nos pacientes dentro do contexto de uma boa relação médico-paciente. Contrariamente, se não houver boa relação médico/paciente, pode ocorrer um efeito placebo negativo de tal monta que prejudique a adesão ao tratamento. O paciente simplesmente ignora a receita ou toma os medicamentos de maneira completamente diferente da que foi prescrita. Mesmo se chegar a tomá-los da maneira prescrita, vai exagerar todos os possíveis efeitos negativos e ignorar os efeitos positivos do tratamento.
Para terminar lembramos que alguns autores consideram que o efeito placebo tem o seu lado negro, pois as curas a ele devidas favorecem a perpetuação do uso de medicamentos e procedimentos terapêuticos ineficazes e irracionais, como os que acontecem na chamada "medicina alternativa".
Fonte:Revista Eletrônica Cérebro e Mente.
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